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sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Poema dos Olhas da Amada

Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
Que olhos os teus
Cria a esperança
Nos olhos meus 
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.
(Vinicius de Moraes)


domingo, 26 de maio de 2013

A Porta

Eu sou feita de madeira
Madeira matéria morta
Não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.


Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.

Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.


Eu sou muito inteligente!

Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho todo mundo
Só vivo aberto no céu.

(Vinicius de Morais)