sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Poema dos Olhas da Amada

Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
Que olhos os teus
Cria a esperança
Nos olhos meus 
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.
(Vinicius de Moraes)


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